domingo, 25 de julho de 2010

CENOGRAFIA/ INDUMENTÁRIA

Conceitualização da criação

Nossa primeira proposta é montar a peça de maneira atemporal.

“A cantora careca” trata do “nonsense” (SEM SENTIDO), então foi proposto pelos integrantes do grupo que o cenário siga a estrutura habitual do interior de uma casa burguesa inglesa, para causar ao espectador a impressão de que irá ver uma peça realista, mas os acontecimentos entre uma cena e outra se mostrarão impossíveis e irreais, “quebrando” sua expectativa. O próprio texto propõe essa idéia.

Apesar da história se passar no interior de uma casa inglesa burguesa, não estamos buscando mostrar como era ou é o cidadão inglês burguês. Mas algo que se aproxime de nós e do nosso tempo, porém, preservando elementos da arquitetura e mobília características da Inglaterra.

Uma de nossas fontes de pesquisas é Antoine (séc. XIX), que propõe criar um ambiente muito parecido com a realidade.

Pretendemos usar o cenário como ambientação, algo que seja próximo do “Estilo Vitoriano” onde o interior é uma confusão de estilos, com cores fortes e muito luxuoso.

O estilo vitoriano é uma fonte infinita de inspiração. De 1837 a 1901, anos em que a Inglaterra foi governada pela Rainha Vitória, o país viveu um período máximo de esplendor, conhecido como "época vitoriana". O reino gozava de grande prestígio e o clima social era de euforia devido aos sucessos militares na Índia, ao desenvolvimento cultural e à prosperidade econômica resultante da Revolução Industrial. A nova burguesia, enriquecida com a indústria e o comércio nas colônias de além-mar, queria exibir em suas casas uma decoração que ostentasse sua nova riqueza e prosperidade.

Pensamos numa possibilidade de relação com o público e queremos que eles sejam nossas visitas, estabelecendo, assim, uma relação direta entre ator e espectador.

Optamos em colocar dois biombos para fazer as trocas de figurinos, fora do alcance do olhar da platéia. Estamos dispostos a trabalhar com figuras já construídas.

Também pensamos na hipótese de colocar “transmissão de multimídias” que, desde o princípio, quando ainda não havíamos decidido nosso texto de Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C), algumas pessoas já haviam manifestado seus interesses em trabalhar com projeções de vídeo e tecnologias em seu projeto de formação. Depois de termos utilizado este tipo recurso no laboratório das sensações no dia 19/05, na sala T02-A, ficamos muito contentes com o resultado e pensamos em levá-lo adiante na pesquisa de encenação, por mais que o exercício realizado, nos tenha levado a muitas dúvidas, que “talvez” só a pratica nos conduza a uma resposta. Acreditamos que, com a multimídia, podemos experimentar uma relação com a platéia, mais “mecanizada”.

Com base, nos seminários apresentados nas aulas de cenografia, pesquisamos alguns encenadores, que realizaram este feito em cena:

  • * PISCATOR, diretor alemão Sua técnica misturava citações de discursos verdadeiros, trechos de noticiários jornalísticos, o uso de projeções múltiplas, de fotomontagens, de esteiras rolantes, como símbolo do desenrolar de uma condição social. Não só isso: usava também o cinema, que passa a ter um papel essencial nos seus espetáculos; o filme didático, por mostrar os fatos objetivamente; os filmes dramáticos, substituindo a palavra do ator; e o documentário, com função de coro. Tudo para levar o público a uma conscientização e à reflexão.
  • * BRECHT, poeta, dramaturgo, diretor e teórico alemão. Como Piscator, usava cartazes e projeções, como meios didáticos. A intenção era fazer com que o espectador se distanciasse e ficasse atento.

Sua obra continua influindo diretores e cenógrafos.

* Excertos do livro Cenografia de Anna Mantovani. Editora Ática, Série Princípios. 1989.

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